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Foto do escritorRenata Rivetti

Felicidade é coisa séria

Já que a felicidade é coisa séria, ela precisa ter tanta relevância em nossa vida como a nossa saúde e o nosso bem-estar.



No mundo atual, no qual as dancinhas no Tik Tok parecem ser mais relevantes do que nosso conhecimento, como falar de felicidade sem parecer algo superficial e ilusório?


Todos os dias vemos milhares de pessoas tentando influenciar seus seguidores de que para sermos felizes basta querermos. É só sermos good vibes, pensarmos positivo, reprimirmos emoções negativas. Como se existisse uma mágica para sermos felizes e se você ainda não é, é porque não se esforçou o bastante. Porém, a realidade, como muito do mundo atual, é que tudo isso não passa de uma grande ilusão. Não basta querer e não é só pensar positivo. Temos que ter muita responsabilidade ao falar de felicidade e bem-estar.


Nas últimas décadas, o estudo da felicidade se tornou mais científico. Pesquisadores começaram a sair da subjetividade do tema para entender o que de fato traz felicidade. Foi assim que surgiu a psicologia positiva, que vem estudando aspectos de uma vida saudável, tirando o foco tradicional da psicologia de somente estudar as doenças. Se todo mundo quer ser feliz, por que só falamos de doenças e não estudamos o que faz o ser humano florescer?


Já que a felicidade é coisa séria, ela precisa ter tanta relevância em nossa vida como a nossa saúde e o nosso bem-estar. Afinal, ser feliz é estar sempre bem também. Neste ponto, a psicologia positiva vem há décadas tentando estudar o que faz o ser humano feliz. E de fato, algumas pesquisas comprovaram que as nossas escolhas influenciam sim nossa felicidade e bem-estar.


Além disso, pesquisadores de Harvard constataram, após 76 anos de estudo, que o importante para nos mantermos felizes e saudáveis ao longo da vida, é a qualidade dos nossos relacionamentos.


Outro dia vi uma influenciadora falando que dois dias depois de acabar o casamento ela já estava em paz, feliz, serena. Penso que quando acabei uma relação importante fiquei meses sofrendo e talvez tenha ficado com marcas para sempre. E está tudo bem isso. Não precisamos de uma vida de alegria permanente para sermos felizes. Felicidade não é negar as dores da vida, nem os obstáculos, mas encontrar sentido em nossas escolhas, significado em nossa vida, e claro, também ter momentos de prazer, alegria, bem-estar positivo.


Mas a grande conclusão é de que não é fácil. É uma construção, um caminho, de altos e baixos e de muitos desafios. Felicidade não é ter uma vida hedônica, alegre, eufórica o tempo todo. Isso é impossível. E se acreditarmos nestes discursos de positividade tóxica iremos sofrer mais ainda.


A verdade é que a felicidade é simples. Está relacionada com a rotina, com sermos verdadeiros consigo mesmo e nos conhecermos. Além disso, está relacionada com nossos sonhos, o fazer constantemente atos de bondade, sermos mais positivos, cuidarmos de nossos aspectos emocionais, espirituais, intelectuais e físicos, além das nossas relações.


Neste ponto, precisamos ter a plena certeza de que o mundo nunca será perfeito. Vivemos em um tempo ansioso, frágil, inseguro. A vida trará desafios. As relações não são fáceis. Além disso, nós temos desafios emocionais. Precisamos lidar com viés negativo, uma mente divagante, com diversos medos e ansiedades.


No entanto, quero destacar que podemos buscar autoconhecimento para olharmos tudo isso e termos sempre em mente a escolha de sermos felizes. Para isso, precisamos viver o aqui agora, com conexões profundas, emoções positivas e claro, uma jornada com significado.


Por fim, quero destacar que, tudo isso depende de nós! Por isso, abandone as comparações e as metas de sucesso impostas pela sociedade. Felicidade não tem nada a ver com isso. Felicidade tem a ver com autenticidade, com autoconhecimento e com fazermos escolhas diárias para trazermos mais engajamento, significado e emoções positivas para nossa vida, além de construirmos um grupo de apoio, relações de qualidade em nossas vidas.


E isso deveria ser uma prioridade de cada um de nós. Afinal, se a vida é tão curta, o que estamos fazendo com nosso tempo?

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