A infinidade de opções acaba provocando ansiedade, paralisia na tomada de decisões e insatisfação
Segundo um estudo da Universidade de Columbia, um adulto tem em média cerca de 35 mil decisões conscientes por dia. Além disso, consumimos cerca de 100 mil palavras diariamente por diferentes meios, como TV, redes sociais e email, entre outros.
Neste mundo de quase ilimitadas opções, o psicólogo Barry Schwartz aponta que vivemos o "paradoxo da escolha": apesar dessa infinidade de opções parecer benéfica, na verdade, isso nos leva à ansiedade, à paralisia na tomada de decisões e à insatisfação. No final, parece que nunca estamos satisfeitos com o que escolhemos – e isso serve para nosso emprego, o que comprar, com quem casar, onde morar.
Um dos estudos que comprovam essa teoria foi o experimento das geleias de Iyengar e Lepper, que analisou o comportamento de dois grupos durante uma degustação de geleias em um supermercado. Um foi exposto a 24 sabores diferentes, enquanto o outro grupo tinha apenas seis opções. Os resultados mostraram que o grupo com menos opções atraiu mais pessoas para a degustação.
É preciso entender que cada escolha traz benefícios, ganhos, mas traz também renúncias.
Além disso, 30% das pessoas deste grupo grupo acabaram comprando um pote, em comparação com apenas 3% das pessoas do grupo que tinha muitas opções. Outros estudos demonstram que, quando temos muitas opções, além da paralisia e ansiedade, a satisfação com a compra é menor e maiores o arrependimento e as dúvidas.
Então, como ser feliz em um mundo de excessos de possibilidades? Como nos contentarmos com o que escolhemos para nossa vida, sem entrar em um ciclo incessante de ansiedade e dúvidas? Schwartz aponta alguns caminhos práticos e estratégias para tomar decisões mais conscientes e satisfatórias. Ele sugere:
Definir critérios claros: estabelecer critérios de decisão relevantes e priorizá-los facilita a avaliação das opções. Se não dá para ter tudo, é importante termos autoconhecimento para aproximar nossas escolhas de nossos valores.
Limitar o tempo de pesquisa: dedicar um tempo específico para a pesquisa e evitar cair na armadilha da análise paralisante.
Considerar o custo da escolha: avaliar o tempo, esforço e energia gastos na busca pela opção perfeita. Será que vale a pena esperar o 'ideal' – e será que isso existe? É preciso ponderar e entender que, normalmente, o ideal é apenas uma ilusão.
Permitir-se errar: reconhecer que nem todas as decisões serão perfeitas e aprender com os erros. Saber que é possível voltar atrás, mudar decisões e continuar.
Praticar a gratidão: apreciar a escolha feita e as qualidades positivas da opção selecionada. Viver os momentos com mais atenção plena, aproveitando as experiências.
A verdade é que, em um mundo de redes sociais, a vida perfeita só existe atrás das telas, filtros, poses e sorrisos forçados. Nunca haverá a escolha perfeita, que contemple todos os nossos anseios. É preciso entender que cada escolha traz benefícios, ganhos, mas traz também renúncias.
E está tudo bem. Não precisamos da vida perfeita para sermos felizes. Precisamos ter a percepção de que estamos satisfeitos. E isso nunca acontecerá enquanto acharmos que poderíamos ter ido por outro caminho.
Aproveite o momento como ele é. Viva as experiências sem se arrepender de suas escolhas. E tenha, acima de tudo, clareza, consciência e protagonismo. Passar a vida rodando feeds e buscando uma vida melhor só nos leva ao adoecimento.