A busca pela felicidade no trabalho não é glamour. Tem a ver com qualidade de vida e com entender que as pessoas são o foco do negócio.
Muitas pessoas que estão em plena atividade no mercado de trabalho são fruto de uma geração focada em status, poder, crescimento e conquistas materiais. Profissionais que, por crenças bastante enraizadas, acabaram aceitando o trabalho como uma fonte de sofrimento ou, simplesmente, aceitação.
De certa forma, por muito tempo, uma parte da população global acabou banalizando esse entendimento, transformando em condição natural o estresse, a ansiedade e até mesmo a infelicidade. Felizmente, temos visto mudanças significativas nesse cenário.
Se olhar ao redor, verá que as novas gerações – talvez você até faça parte de uma delas – começam a questionar o modo de operação dos profissionais das gerações anteriores.
São pessoas que querem falar de propósito, desejam ser ouvidas, buscam participar ativamente de ações e projetos, anseiam por uma comunicação clara e transparente, valorizam o work life balance, preocupam-se em se desenvolver.
Graças a esses profissionais, a cultura tóxica, a microgestão e a dinâmica de comando e controle têm deixado de fazer sentido dentro e fora das empresas.
Fiz essa contextualização para dizer que, se as organizações querem manter essas pessoas em seus times e usufruir da potência dessa força de trabalho para inovar e crescer, detalhes importantes como a cultura da organização são fundamentais.
Afinal, se o time não for formado por herdeiros, trata-se de pessoas que caminham para, até o final da vida, acumularem cerca de 80 mil horas de trabalho. Ou seja, é fundamental que sejam experiências minimamente agradáveis em prol do bem-estar no longo prazo.
A busca pela felicidade no trabalho não é glamour. Tem a ver com qualidade de vida, com relações de confiança e com entender, de maneira genuína, que as pessoas são o foco do negócio.
RELAÇÕES MAIS HUMANAS
Não dá para falar em felicidade e inovação sem segurança psicológica. Não existe inovação ou sustentabilidade do negócio sem que as pessoas possam falar abertamente sobre problemas, dúvidas e ideias, sem que no comando não exista um líder empático e aberto ao diálogo, à troca e ao acolhimento.
Dentro de uma organização, pessoas de todos os níveis hierárquicos, no escritório ou na fábrica, estão em busca de relações mais humanas, sem que isso demande necessariamente redesenhar sua função. Basta, por exemplo, para dar um primeiro passo, que as lideranças operem com base em quatro pilares da segurança psicológica:
Aceitar e repensar os erros, entendendo que eles fazer parte do processo e que gênios como Steve Jobs não chegaram às suas descobertas sem cometer equívocos ou falharem.
Promover conversas francas e abertas, com escuta ativa, para entender os desafios coletivos e individuais, abrindo espaço para que todos possam se expressar.
Criar um ambiente de colaboração e não de competição. Porque, juntas, as pessoas realmente podem fazer mais e melhor.
Valorizar a diversidade e a inclusão, pois quanto mais o colaborador se sentir incluído, valorizado e aceito, mais e melhor ele vai produzir.
Entendo que é utopia pensar que a felicidade pode ser um estado constante na vida profissional. Mas, certamente, quando trabalhamos diariamente conectados a sentimentos de realização e pertencimento, deixamos de fazer parte do grupo dos que trabalham apenas para pagar as contas. E isso tem muito valor para a vida dos líderes, dos liderados e do negócio.