Quem nunca ouviu a frase de algum líder na empresa: "sempre foi assim e ninguém nunca reclamou…"? A verdade é que de fato há algumas décadas não se falava muito de soft skills, de flexibilidade no trabalho, de liderança positiva, de empatia. O trabalho era um fardo necessário e ponto. Não havia espaço para humanizar e trazer sentido para a nossa jornada de trabalho. Simplesmente, aceitávamos as condições impostas e seguíamos a nossa vida, na ilusão de uma aposentadoria feliz.
Porém, com as mudanças que a pandemia trouxe para nossas vidas, além de mudanças de mindsets geracionais, passamos a rever nossas prioridades e começamos a questionar alguns aspectos de nossas rotinas. Segundo o Gallup, trabalharemos 115 mil horas na vida. Então, será que dá para aceitar grande parte da nossa vida infeliz, aceitando abusos, ansiedade e outros aspectos negativos? Certamente não é o melhor caminho. É preciso então entender que não precisamos aceitar ambientes tóxicos que nos adoecem, mas o primeiro passo é identificar que talvez seja esse o seu caso.
Ambientes tóxicos costumam ter algo em comum: sobrecarga de trabalho, falta de segurança psicológica, relações abusivas, cobranças agressivas, entre outros. Mas às vezes tudo pode ser sutil também, como pequenas ações sem empatia, cobranças disfarçadas, aspectos que geram medo, enfim, é preciso acima de tudo analisar como você se sente. Você consegue se expressar com autenticidade e sem medo? Consegue dizer não quando necessário? Consegue encontrar equilíbrio de vida?
"Sempre foi assim e ninguém nunca reclamou…"
Muitas vezes pode parecer que nada irá mudar nunca e que não há alternativas. Mas a verdade é que a mudança está acontecendo, de forma lenta, mas gradual. Antes não falávamos de saúde mental. Hoje a pauta virou tema nas empresas e o burnout é responsabilidade da organização. A empresa não pode ser mais um ofensor no bem-estar, saúde mental e felicidade das pessoas, porém o mais difícil é saber o caminho para mudar o cenário e por isso, por mais que haja uma nova consciência, ainda há muitos hábitos e atitudes tóxicas acontecendo no dia a dia. É preciso praticar mais do que entender na teoria e por isso, é preciso não começar pela transformação das ações. Não adianta oferecer somente ferramentas para os líderes, é preciso co-criar com eles uma nova jornada e ela começa com uma mudança no mindset, na compreensão desses líderes de como suas ações geram impacto nas emoções e saúde mental das pessoas e por isso, é preciso desenhar em conjunto um plano de ação.